As Setas de Sevilla, estrutura moderna que começou a ser construída em 2005 e concluída em 2018, localizam-se num bairro histórico de Sevilha. Na verdade, a sua localização foi um dos maiores desafios devido às habitações existentes. O projecto foi desenvolvido pelo arquitecto alemão Jürgen Mayer, com o objectivo de revitalizar o centro histórico conhecido como La Encarnación. Suportado por quatro torres de cimento interligadas por uma passerelle ondulada em forma de cogumelo, as Setas de Sevilla estendem-se por mais de 100 metros de comprimento. No topo, há um miradouro com vista panorâmica do centro histórico da cidade e de todos os seus imponentes monumentos. Além disso, o complexo incluí um mercado gastronómico, um museu arqueológico subterrâneo e um espaço para exposições. As Setas de Sevilla tornaram-se rapidamente numa atracção turística popular na cidade e um símbolo da harmonia da modernidade com o clássico. Como não venho aqui falar de arquitectura (há pessoas bem mais interessantes para isso; para obterem mais informações sobre bilhetes e toda a história aconselho uma visita ao site oficial). 

A pior (ou melhor) altura do dia para se vir às Setas de Sevilla é o pôr-do-sol: o pior porque é o momento em que todos os turistas (no qual me incluo) vão de forma a conseguirem a selfie que faltava ou para conseguirem ter a fotografia digna de postal; é a melhor porque a luz incidente na estrutura e nos edifícios históricos da cidade cria uma atmosfera calma, brilhante e colorida. Não querendo parecer elitista com estas palavras, tenho de confessar que tirar a fotografia digna de um postal foi um dos motivos para ir à hora do pôr-do-sol. No entanto, tentem ir ao mais cedo possível para conseguirem uma vista privilegiada.

A fotografia de arquitectura não é de todo um género que me atraia, mas houve algo nesta estrutura que me cativou! Poderá ter sido a "ondulação" do edifício que me fez lembrar as ondas típicas de uma praia portuguesa ou poderá ter sido a forma como a luz ténue toca a madeira trabalhada. Seja qual for o motivo, a partir do momento em que saímos do elevador, somos transportados para uma realidade alternativa. As fotografias criadas mostram isso mesmo: a luz cada vez mais fraca e tranquila cria um jogo de sombras que se interliga com os movimentos harmoniosos das pessoas à procura da melhor fotografia. Ao longo das fotografias que tirei, vemos a transição de uma luz mais forte e intensa para uma luz suave que ilumina o céu com tons roxos e laranjas. A esta distância temporal, admito que um dia gostava de ter mais tempo para fotografar a estrutura, não digo mais dias! Mais uma hora bastava e desta forma poderia trabalhar não só a luz com tempos de exposição mais lentos, mas também usar as pessoas para tentar criar imagens visualmente impactantes. No fundo, criar um documentário visual. Ah! E ficou a faltar uma panorâmica digna desta cidade maravilhosa.

Há fotografias que precisam de respirar, de serem apreciadas ao som de uma música ligeira. Considero que as minhas fotografias das Setas de Sevilla se enquadram nesta categoria e por isso deixo-vos com pouco texto para que as fotografias vos transmitam as sensações da calma e calor que os últimos raios de sol transmitem.

A última luz "beija" a Catedral de Sevilla!