Os domingos de sol em Portugal são, muitas vezes, sinónimos de caminhadas junto ao mar, mesmo durante o inverno: basta estar bom tempo. A ondulação ainda está pouco convidativa a banhos, mas já há quem tente dar o primeiro mergulho do ano; já eu decidi fotografar as ondas e a atmosfera que envolve estes dias de domingo.

A Foz do rio Douro é uma das freguesias que pertencem ao concelho do Porto e é o local onde o rio encontra as águas salgadas do oceano Atlântico. A união entre a água doce e a água salgada criou uma reserva natural (reserva natural do estuário do Douro) que está localizada na margem esquerda do Douro, mas não é essa margem que trago hoje! A margem direita é uma zona urbanizada e habitacional; aqui, os únicos indícios de Natureza são as ocasionais aves que se encontram a alimentar nas praias semi desertas. No entanto, esta é uma zona com algum interesse histórico. A guardar as margens temos a Fortaleza de São Jorge edificada durante o Século XVI; também podemos encontrar o Farol de São Miguel e o Pontão da Barra do Douro (onde estive algum tempo a fotografar).

Fotografar as ondas e o mar revolto é como tentar capturar uma força indomável da natureza, uma força tão fascinante que muitas vezes leva as pessoas a arriscar a vida. Cada onda é uma manifestação única da força do oceano, uma dança fluída entre a luz e a água, entre a calma e a tempestade. Este fascínio pelo mar faz-nos recuar até aos tempos da civilização grega ou até mesmo às fundações que levaram Portugal a tornar-se um dos países mais importantes do Mundo. Este fascínio está no nosso ADN!

Capturar a beleza efémera das ondas enquanto rebentam junto às rochas é um desafio artístico complexo, mas que pode resultar em fotografias únicas e bastante pessoais. É um desafio que requer paciência, habilidade e uma profunda conexão com o ambiente ao nosso redor. Ao observar o mar, somos transportados para um estado de contemplação profunda, onde o tempo parece desacelerar e os pensamentos se aquietam. O som das ondas a quebrarem na areia ou o rugido tumultuoso das marés agitadas tem o poder de acalmar as mentes mais inquietas e despertar um sentido de paz interior: é como se estivéssemos a ver uma trovoada!

As cores e tonalidades da água refletem o jogo de luz e sombra do sol, criando um espetáculo visual único a cada momento. Os tons escuros e carregados da água conjugam-se com os tons brancos e suaves da espuma formada pela rebentação da onda; toda a luz refletida pelo oceano ajuda a criar uma espécie de dança na superfície da água, onde podemos ver as mais diversas cores em curtos minutos. A linha do horizonte que parece infinita, convidando-nos a sonhar e a imaginar o que há para além dela; a luz do sol difundida pelas nuvens e pela água que se encontra na atmosfera ajuda a criar um ambiente mais simples e melancólico.