Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Raw Traveller

Explorar o mundo através das lentes: um blog de viagem e natureza, onde as fotografias são a principal inspiração para a criação de narrativas visuais únicas, repletas de detalhes e curiosidades.

Raw Traveller

Explorar o mundo através das lentes: um blog de viagem e natureza, onde as fotografias são a principal inspiração para a criação de narrativas visuais únicas, repletas de detalhes e curiosidades.

17 de Novembro, 2023

Fotografia revelada: uma árvore ajuda a quebrar a monotonia da planície alentejana.

arvore_16_9

(Estes post's têm como inspiração a rubrica do Sapo Viagens "Como fiz esta fotografia")

Nas suaves ondulações da planície alentejana, onde o tempo desliza ao ritmo tranquilo da natureza, ergue-se um majestoso sobreiro. A sua presença, como um sábio guardião do passado, é um testemunho vivo das histórias que passam pela planície alentejana e das marcas gravadas pelo tempo. O tempo está cinzento e as cores do Outono já estão instaladas, por isso hoje decidi trazer uma fotografia criada num dos sítios mais bucólicos de Portugal: o Alentejo.

O vasto tapete verde representa toda a simplicidade e autenticidade desta região de Portugal: à medida que nos aventuramos pelas extensas paisagens só quebradas pela presença casual de um sobreiro, é impossível não nos rendermos à monotonia que eventualmente se rompe. É no silêncio desta planície que se encontra a verdadeira riqueza do Alentejo: pequenas aldeias de casas caiadas que mimetizam o sobreiro na paisagem e ajudam a quebrar a monotonia do verde da planície. Esta imagem, já antiga, ilustra bem a quebra da monotonia alentejana! Tirada na berma da estrada, no meio de uma viagem exploratória ao coração alentejano, a luz difundida pelas nuvens ajudou à criação de um cenário bucólico que já serviu e serve de encanto para inúmeros pintores e mais tarde para uma panóplia de fotógrafos. Na verdade, ainda continua a encantar! Mas, para mim, o Alentejo continua a ser uma zona pouco explorada, onde todos os cantos estão repletos de cenas “exóticas” e tão distantes da realidade vivida no centro de Portugal. 

Uma análise detalhada do processo de criação desta imagem facilita a identificação de elementos-chave, que contribuem para a explicação da visão que tive ao criá-la. O primeiro plano, com a presença da erva rasteira, fornece a pista essencial para caracterizar o local, transportando-nos imediatamente para o Alentejo. O espaço vazio que envolve o elemento principal, neste caso a árvore, é uma característica marcante das fotografias minimalistas que gosto de explorar; isto ajuda a direcionar o olhar para o objecto a ser fotografado. Por fim, o plano mais distante, com a luz difusa e os ligeiros raios de sol, contribui para criar uma sensação de tridimensionalidade e, de certa forma, guiar o olhar até à proeminente árvore. 

À noite, o céu estrelado sobre a planície alentejana ou sobre um sobreiro oferece um espectáculo único, longe das luzes da cidade; essa é uma fotografia que há muito tenho guardada na minha gaveta de "tenho de tirar". Foi precisamente no Alentejo que vi o céu mais estrelado da minha vida, talvez só mesmo equiparado ao que conseguimos obter nas partes mais profundas do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Resta-me dizer para pararem sempre que virem uma árvore isolada, não só é um excelente pretexto para uma fotografia, como também é um motivo para abrandarmos e apreciarmos o momento que estamos a viver.

 

8 comentários

Comentar post