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Raw Traveller

Explorar o mundo através das lentes: um blog de viagem e natureza, onde as fotografias são a principal inspiração para a criação de narrativas visuais únicas, repletas de detalhes e curiosidades.

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01 de Setembro, 2023

Fotografia Revelada: Pilrito-das-praias ao pôr-do-sol.

pilrito 2 FAV

(Estes post's têm como inspiração a rubrica do Sapo Viagens "Como fiz esta fotografia")

Os meses frios de Inverno significam uma coisa para os amantes de birdwatching: escrevedeira das neves na Serra da Estrela. É caso para dizer que há romarias à Torre para se tentar ver a pequena ave: até parece que estamos a falar de um Santo. No entanto, a situação tornou-se ainda mais interessante quando começou a haver registos isolados, de um ou dois indivíduos, na costa de Aveiro, primeiramente na Barrinha de Esmoriz e posteriormente na Ria de Aveiro.

Nunca fui de fazer viagens, curtas ou longas, para tentar fotografar certas espécies, mas após algumas tentativas inglórias na Serra da Estrela, a notícia sobre um avistamento foi o suficiente para sair do trabalho e ir directo para o Cais da Bestida, onde a mesma tinha sido observada. Esta foi a segunda tentativa para fotografar a escrevedeira das neves neste local e mais uma vez sem resultados; no entanto nunca é tempo perdido e durante uma hora estive entretido a fotografar um bando de pilrito-da-praia Calidris alba e de rola-do-mar Arenaria interpres que se encontravam a alimentar na maré baixa. Hoje, venho falar da minha fotografia favorita tirada nesse dia!

O pilrito-das-praias é uma ave limícola de pequenas dimensões facilmente identificada e observada em pequenos bandos a alimentarem-se na zona de rebentação ou em poças de maré ao longo da costa portuguesa. É frequente vermos estas aves a correr pela areia e foi precisamente esse momento que captei! Em qualquer género de fotografia é importante contar a história; uma fotografia só deixa de ser uma simples fotografia se tivermos o contexto. Por exemplo, podia ter esperado e tirado uma portrait do pilrito, mas aí muitas questões se levantam: Onde foi tirada? Estava sol? Foi a que altura do dia? Talvez tenha sido tirada na serra ou terá sido na praia? Não está errado criar fotografias que nos levantem questões e que ativem o nosso imaginário, está errado tirar uma fotografia sem contexto.

Através da temperatura da fotografia conseguimos ver que estamos na altura do pôr-do-sol, mais propriamente durante a golden hour, onde a luz soft com tons de amarelo e laranja ilumina não só os diversos planos, como também a ave que é o centro da composição. Os planos desfocados provocados pela grande abertura da lente (neste caso uma Sony FE 200–600 mm F5.6–6.3 G OSS) levam o nosso olhar directamente para o ponto central da fotografia. A areia presente nas patas e no bico fornece a informação essencial para percebermos que estamos numa praia (ou neste caso, num pedaço de areia) e a postura da ave indica que a mesma se encontra à procura de alimento. Todos estes elementos acrescentam um contexto e criam umas das melhores fotografias que já tirei.

 

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