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Raw Traveller

Explorar o mundo através das lentes: um blog de viagem e natureza, onde as fotografias são a principal inspiração para a criação de narrativas visuais únicas, repletas de detalhes e curiosidades.

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29 de Dezembro, 2023

Fotografia Revelada: As pedreiras abandonadas são a casa de uma família de Bufo-real.

(Estes post's têm como inspiração a rubrica do Sapo Viagens "Como fiz esta fotografia")

DSC_0670

 

Decorria o ano de 2020 quando tive a oportunidade de ver uma das espécies mais interessantes que podemos encontrar em Portugal: o Bufo-real Bubo bubo, a maior ave de rapina noturna em Portugal. Apesar de já saber da existência de um possível ninho nesta zona, é sempre uma surpresa encontrá-lo e acima de tudo conseguir fotografá-lo.
Então, mas porquê? Apesar de não ser uma espécie particularmente rara, é mais comum ser avistada no interior do país e sendo uma ave noturna é mais fácil ouvir do que ver (e ainda mais incomum durante o dia). A actividade vocal da espécie é mais pronunciada nos meses de inverno, especialmente de Novembro a Fevereiro.
É de salientar que tirei esta fotografia à distância e tive pouco tempo exposto ou perto do ninho; estamos a falar de uma espécie sensível e selvagem que merece todo o nosso respeito e distanciamento. Estamos no local só para apreciar e não para perturbar! Com esta linha de pensamento, tomei a decisão de não revelar o local, quer o sítio quer a zona, onde tirei esta fotografia, mesmo não sabendo se à data de escrita o ninho ainda existe. Como tal, resta-me contar a história deste dia.


"Às vezes não o faço (tirar uma fotografia), se gosto de um momento, pessoalmente, não gosto da distração da câmara . Gosto de ficar só aqui, a ver!" Sean O´Connell, em The Secret Life of Walter Mitty

Como já mencionei, sabia da provável existência deste ninho e decidi investigar: meti a câmara na mochila, enchi o depósito ao carro e meti-me a caminho por uma estrada nacional quase deserta. Ao chegar, vi logo que podia dar asneira e problemas, pois era uma pedreira e estava vedada, menos num sítio onde dava para passar: bem , se está aberto, então não deve haver grande problema! Deixei o carro numa zona discreta e entrei no terreno (eu sei, estava a invadir propriedade privada) e com todo o cuidado comecei a andar pelo terreno rochoso, coberto por um manto vegetal e algumas árvores de pequeno porte. Sabia que o ninho tinha de se encontrar na parede e de binóculos na mão comecei a procurar em todos os cantos; primeiro olhava e só depois andava.
Uns minutos depois, olho para umas ervas na parede rochosa e reparo em alguma coisa a mexer-se: fiz linha e bingo ao mesmo tempo! Não só encontrei um ninho (que podia estar vazio), como encontrei duas crias camufladas na vegetação. Os olhos vivos das duas crias, remetem-nos para o imaginário dos filmes, onde estas aves se encontram nos topos das árvores a olhar para quem vagueia pelos bosques mais sombrios. Sem sombra de dúvidas que a minha presença já tinha sido notada desde o primeiro instante, mas também senti que as crias estavam confortáveis com a minha presença.
De repente, e uns minutos depois, reparo num enorme vulto atrás das árvores, e como esta observação está na hora de ir para casa.
Reconheço que posso não ter tido o comportamento mais cívico ao entrar em terreno alheio, mas saí dali com o coração cheio: há espécies e espécies, todas elas merecem atenção, mas à minha frente estava um avistamento que provavelmente nunca mais vou ter. Tirei duas fotografias simples, sem grande história ou técnica e fiquei o resto dos minutos a apreciar o momento!

 

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