(Estes post's têm como inspiração a rubrica do Sapo Viagens "Como fiz esta fotografia")

Há umas semanas, escrevi um post que falava de uma tentativa falhada de fotografar a escrevedeira-das-neves e que resultou na fotografia que foi apresentada nesse mesmo post (se quiserem ler é só clicar aqui). Hoje, trago-vos uma fotografia que resultou da primeira tentativa de fotografar esta espécie no seu habitat predileto em Portugal: a Torre na Serra da Estrela.

Estava um dia relativamente quente para o Inverno; a Serra encontrava-se desprovida de neve, o que não afastou as pessoas de aproveitarem o fim-de-semana num dos pontos turísticos de natureza mais acessíveis em Portugal. Ao fim do dia, as pessoas vagueiam de um lado para o outro à procura do melhor sítio e da melhor posição para tirar a fotografia mais incrível para colocar no Instagram e dizer que estão a viver a melhor versão deles: vivemos num mundo estranho, onde as pessoas preferem dizer que estiveram lá do que apreciar o momento em que estão. Foi na parte final de uma curta caminhada à volta da torre que surgiu o momento fotografado.

A silhueta das pessoas e a forma como as nuvens interagiam com as mesmas captou a minha atenção e automaticamente percebi que precisava de criar uma panorâmica para conseguir captar tudo. O processo de criação foi bastante simples: tirei uma sequência de seis ou sete fotografias, em que o último terço de uma fotografia tem de corresponder ao primeiro terço da fotografia seguinte, depois é unir tudo de forma automática num programa de edição. O grande cuidado que temos de ter é garantir que estamos o mais estáveis possívele para isso é comum usar um tripé. A luz ténue do pôr-do-sol mostra a calma no meio da confusão; o primeiro plano ajuda-nos a situar num cenário de montanha, enquanto a luz do último plano é fundamental para a criação da silhuete que dá vida a esta fotografia.

A peculiaridade desse momento é que, apesar da agitação em torno das pessoas, essas parecem alheias umas às outras. Algumas estão à conversa, outras à procurar da melhor fotografia, tudo enquanto outros se encontram a contemplar o pôr-do-sol. Apesar de não se conhecerem, houve um dia em que estiveram todas neste local sem nunca se terem apercebido quem estava ao seu redor: esta imagem revela um momento na história destas pessoas, uma narrativa que vai além do que os olhos podem ver à primeira vista.

Por fim, resta-me dizer que são estes pequenos momentos que são os verdadeiros moment in time, este tipo de fotografia regista um momento fugaz que nunca se vai voltar a repetir, pelo menos com esta conjugação de pessoas.