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Raw Traveller

Explorar o mundo através das lentes: um blog de viagem e natureza, onde as fotografias são a principal inspiração para a criação de narrativas visuais únicas, repletas de detalhes e curiosidades.

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26 de Setembro, 2023

Fotografia Revelada: A primeira luz de Natal ilumina o Corvo-marinho-de-faces-brancas.

corvo marinho_

(Estes post's têm como inspiração a rubrica do Sapo Viagens "Como fiz esta fotografia").

No início da manhã do dia 25 de dezembro, enquanto muitos celebravam o Natal, eu encontrava-me sentado num muro de uma salina em Aveiro. As Salinas de Santiago são um tesouro natural nesta cidade. Este ecossistema único combina água salgada com uma rica biodiversidade de aves, tornando-se um local de eleição para observadores e amantes da fotografia de aves. O objetivo desta manhã? Fotografar um dos habitantes mais majestosos das salinas: o corvo-marinho de faces brancas Phalacrocorax carbo.

Esta ave com uma silhueta preta de bico e cauda comprida e de porte médio-grande, costuma ser vista a mergulhar em tanques ou lagos. Em Portugal, é uma espécie bastante comum na altura do Inverno e costuma ver-se com facilidade ao longo da Ria de Aveiro. Esta espécie está, muito provavelmente, no imaginário das pessoas devido às fotografias e noticías que circularam em 2019, sobre uma técnica de pesca (Nagaragawa Ukai) com mais de 1300 anos e que é usada no Japão, China e Coreia: os corvos-marinhos são treinados para pescar o peixe, mas os pescadores amarram uma corda no seu pescoço de forma a estas não o engolirem Atualmente, muitas das fotografias ficaram virais e esta prática tornou-se uma atração turística, atraindo milhares de viajantes à cidade de Gifu (Japão) para verem esta arte de pesca. O turismo tem destas coisas.

Em estado selvagem, costumamos ver esta ave voar de forma errática junto ao espelho de água ou a apanhar sol com as asas abertas (de forma a secar as penas impermeáveis). Apesar de não estar de asas abertas, encontrei esta ave a aproveitar os primeiros raios de sol para secar as penas. O processo criativo foi simples e teve como objectivo criar um retrato onde vemos a luz quente do nascer do sol a ser reflectido no branco do corpo da ave: esta luz contrastou com os tons frios do plano de fundo. Toda a imagem une-se em torno do momento em que a ave parou para secar as penas, após algumas tentativas (inglórias ou não, nunca saberemos) de apanhar o primeiro peixe da manhã: gota de água na ponta do bico é a prova que precisamos para podermos fazer tal afirmação. Aliado a esta constatação, a textura das penas revela pormenores escondidos que só podem ser notados com o aproximar da ave ou através de uma lente de longo alcance. A criar um contexto geográfico, temos a cor verde das algas que podemos ver na Ria de Aveiro e nas salinas com tanques adjacentes; automaticamente somos transportados para uma zona de água, nomeadamente para os tanques (marinhas) que são utilizados para a produção extensiva de peixe.

Apesar de parecer simples, esta fotografia exigiu alguma paciência e calma: não nos podemos esquecer que as aves são desconfiadas. Apresento-vos a fotografia final, mas houve muitas mais; na verdade estive perto de 45 min sentado na erva fria para conseguir a fotografia desejada. Muitos poderão pensar que é muito tempo, mas queria que ave estivesse calma e queria ver as diferenças de tonalidades que a luz podia criar. Por vezes a paciência é a chave para atingirmos o sucesso!

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