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Raw Traveller

Explorar o mundo através das lentes: um blog de viagem e natureza, onde as fotografias são a principal inspiração para a criação de narrativas visuais únicas, repletas de detalhes e curiosidades.

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06 de Outubro, 2023

Bruxelas: a cidade em que a Arte Urbana se mistura com as cores do Natal.

Bruxelas, localizada no centro da Bélgica, é uma das cidades mais importantes da Europa, devido à presença dos órgãos com maior poder na União Europeia, nomeadamente a Comissão Europeia e o Conselho Europeu. A importância além-fronteiras da cidade remonta ao século XIII, quando a mesma ganhou um reconhecimento como importante entreposto comercial. O crescimento da população, adjacente ao ganho de importância, levou à drenagem dos pântanos de forma a criar espaço para a construção de habitações. Durante a Idade Média, os Duques de Brabante passaram a governar este território, no entanto, o casamento que levou esta família ao trono fez com que Bruxelas deixasse de ser independente, tornando-se a “capital” dos Países-Baixos. Foi só em 1830, que o território da atual Bélgica deixou de pertencer aos Países-Baixos: a 21 de Julho de 1831, Leopoldo I, o primeiro rei dos belgas, ascendeu ao trono, destruindo as muralhas da cidade e reconstruindo muitos edifícios. Aqui nasceu a Bélgica.

A manhã do primeiro dia foi passada em quatro dos mais importantes museus da capital belga: Musées Royaux des Beaux-Arts; Musée Old Masters; Musée Fin-de-Siècle e o Musée Magritte. Todos estes museus estão interligados por um conjunto de túneis, o que torna fácil perder a noção do tempo e acabar a visitar os quatro museus. A Place Royale é o ponto de união destes quatro museus e é considerada o centro da cidade; aqui é o local onde está o Parlamento belga e o Palácio Real. Toda a arquitectura neoclássica faz com que rapidamente sejamos transportados para a época em que as tropas Napoleônicas se encontravam a marchar pelas ruas em paralelo da cidade. A peça central desta praça destaca um líder cristão que desempenhou um papel relevante nas primeiras Cruzadas: Godefroy de Bouillon (-1100)

A manhã estava a ganhar contornos de ser acompanhada por chuva e por isso decidimos passá-la dentro de portas. Mais ou menos trinta minutos foi o tempo que precisámos para ir do alojamento até à Place Royale. Não estávamos a contar ficar toda a manhã confinados em quatro museus! Apesar de serem museus interessantes (principalmente o museu dedicado ao Magritte), fica esgotante estar tanto tempo no meio de centenas e centenas de pessoas.

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O mundo imaginário da banda desenhada de Tintin está intrinsecamente ligado à cidade e esta conexão está presente em vários sítios e de diversas maneiras: lojas, um museu, arte de rua, estátuas, entre outras. Inclusive, existe uma walking tour dedicada ao Tintin! Esta união é fundamental para a identidade cultural da cidade e é com orgulho que os habitantes a celebram e usam este imaginário como bandeira para atrair turistas. Ao olharmos para os registos históricos, podemos tentar depreender que Hergé (criador de Tintin) tenha sido, directa ou indirectamente, um dos impulsionadores para o movimento artístico que tem ocupado as paredes das diversas ruas da capital, pois muitas das criações têm contornos semelhantes aos que vemos na banda desenhada. A Arte Urbana em Bruxelas teve início nas décadas de 80 e 90 com o surgimento dos primeiros grafiteis, mas esta prática só começou a ser aceite como uma forma de expressão artística nos anos 2000: os apoios institucionais e a revitalização de áreas degradadas foram os principais motivos para a aceitação. E como é que ligamos esta forma de arte à Banda Desenhada? Bruxelas é conhecida como a “capital Mundial da Banda Desenhada” e, atualmente, a Arte Urbana tem vida a retratar motivos de Banda Desenhada nos mais diversos morais espalhados pela cidade. Diria que é uma experiência autêntica da cultura belga.

A história da arte de rua em Bruxelas é uma narrativa de transformação e aceitação, o que começou como uma expressão subversiva cresceu para ser uma parte essencial da cultura urbana da cidade. Hoje, a arte de rua em Bruxelas continua a evoluir e a inspirar tanto os moradores locais quanto os visitantes. Sair do centro da cidade e começar a vaguear pelas ruas menos turísticas é a chave para começarmos a ver murais por todo o lado; umas vezes ocupam a fachada toda, outras são pormenores que podemos nem reparar.

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É incontornável ir a Bruxelas e não procurar a estátua mais famosa da cidade: Menneken Pis. A estátua de bronze de um menino a urinar representa o espírito irreverente e o sentido de humor dos habitantes de Bruxelas; esta é ornamentada com diferentes trajes de forma a celebrar as mais diversas épocas do ano. Mas sabiam que esta não é a única estátua que envolve urina em Bruxelas? Em pontos diferentes da cidade, podemos encontrar a Jeanneke Pis e o Het Zinneke: muda a personagem, mas a temática é a mesma. A Jeanneke Pis tem a diferença de ser uma menina a urinar, encontra-se num pequeno beco na rua Impasse de la Fidélité; o Het Zinneke encontra-se a urinar para uma boca de incêndio e teve como objectivo representar, na forma de cão vadio, a diversidade cultural da cidade de Bruxelas. Estas 3 estátuas, mais propriamente o Menneken Piss, têm a capacidade de atrair a atenção de qualquer turista.

Estamos na véspera da passagem de ano e apesar do Natal já ter passado, os Mercados continuam cheios de cor e animação. O Centro Histórico de Bruxelas fica transformado num cenário mágico e que contagia mesmo os mais sépticos: o Winter Wonders ocupa todo o centro de Bruxelas com barracas, uma árvore de Natal Gigante, um enorme presépio e uma roda gigante acompanhada por diversos carrosséis. No entanto, a maior atração é o espectáculo noturno que através da combinação de luz e imagem cria uma verdadeira obra de arte nos edifícios que circundam a Grand Place. Apesar de ainda não haver datas oficiais, o Mercado de Natal de Bruxelas deve de acontecer entre o fim de Novembro e as primeiras semanas de Janeiro de 2024.

A passagem de ano em Bruxelas acontece no Parc de Bruxeles com vista para o Palais de Bruxeles e foi uma experiência interessante. Milhares de pessoas de olhos postos no céu para ver um fogo de artificio diferente do que estamos habituados; não pela sua dimensão, mas sim porque eram criadas formas que nunca tinha visto. É nestes momentos que sentimos que fazemos parte de algo. Horas antes ainda era tempo de celebrar o Natal e principalmente comer as magnificas waffles, lojas não faltam e o problema é saber quais é que valem a pena sem termos de provar todas as lojas. Uma pequena pesquisa mostrou-nos uma pequena loja, num centro comercial, que fazia waffles vegan… Porque não? Eram divinais! Melhores do que as que tínhamos comido numa das lojas com uma fila demoníaca.

No dia 1 de Janeiro, grande parte dos museus e monumentos estão fechados, no entanto o Atomium e a Mini-Europa encontram-se abertos e foram a nossa alternativa para preencher parte do último dia. Estas atrações encontram-se localizadas no Parc d'Osseghem, bairro de Laeken, a norte do centro de Bruxelas e são de fácil acesso através do metro que parte do centro da cidade. O Atomium é um icónico edifício foi projectado por André Waterkeyn (1917-2005) para a Exposição Universal de Bruxelas (Expo 58) e representa a fórmula molecular do elemento ferro (com uma ampliação 165 biliões de vezes). Os tubos ligados por nove esferas de dezoito metros de diâmetro foram idealizados como símbolo contra o uso de armamento nuclear. Atualmente, alberga exposições permanentes e temporárias bem como um miradouro que oferece uma vista panorâmica.  A Mini-Europa é uma das atrações mais interessantes que existem em Bruxelas e em forma de paralelismo podemos dizer que é algo do género do Portugal dos Pequenitos mas aqui não temos só um país representado e não conseguimos entrar dentro dos edifícios. Aqui encontramos maquetes fiéis de vários pontos da Europa: oitenta edifícios e monumentos levam-nos a viajar pela Europa num curto espaço de tempo. Podemos ver atrações notáveis como a Torre Eiffel de Paris, o Coliseu de Roma, o Big Bem de Londres, a Acrópole de Atenas, o Castelo de Neuschwanstein na Alemanha, a Torre de Belém, o Oceanário de Lisboa e o Castelo de Guimarães.

A última cidade desta viagem foi um pouco agridoce. Se por um lado tínhamos uma cidade moderna e cheia de vida, por outro tínhamos uma cidade confusa e com falta de identidade. Foi preciso sair do centro para conseguirmos encontrar ruas calmas e desertas, com comércio mais tradicional. Não entendam mal, Bruxelas tem muito encanto, principalmente no Natal, mas talvez tenhamos ficado "afectados" pela beleza e encanto do Luxemburgo e de Bruges. Uma coisa é certa, a arte de rua confunde-se com a arquitetura moderna e tradicional, isso foi algo que não desiludiu! Às vezes, basta olhar para o lado oposto para encontrar algo mais autêntico e com isso até os sítios mais turísticos podem transmitir uma onda mais tradicional e natalícia. O centro político da Europa é um destino interessante, caótico e por vezes confuso, mas quando menos se espera olhamos para a entrada de um hotel e vemos um senhor de robe a tocar piano (talvez algo criado por Mozart? Nunca vou saber).

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De forma a complementar este post, sugiro que leiam o post do Luxemburgo e de Bruges; estes três posts são referentes à mesma viagem e pode ser útil para quem procura umas férias de Natal no centro da Europa.

Bruxelas é muito mais do que eu trago aqui e, como tal, deixo-vos o deixo o itinerário daquilo que considero obrigatório visitar, de forma que possam complementar a informação que vos trago.